Neguinho da Beija-Flor lembra casos de racismo: ‘Brasil é feito de preconceito’

Neguinho da Beija-Flor: Soberano da Avenida. Após deixar o microfone principal de sua escola de samba do coração, o intérprete terá sua vida relatada em um documentário.
A importância da data escolhida para o lançamento da produção do Globoplay, que acontece nesta quinta-feira (20), Dia da Consciência Negra, foi citada pelo cantor de 76 anos em entrevista onde lembrou alguns momentos de racismo que sofreu ao longo de sua carreira.
“Ele pode ter até condições de frequentar lugares caros, mas não frequenta porque sabe que vai ser discriminado. Talvez eu sinta menos porque sou conhecido. A minha situação financeira melhorou, mas continuo negro. Quando faço viagem internacional na primeira classe, boto óculos escuros e observo. Sempre vejo alguém cochichando: “O que esse cara está fazendo na primeira classe com passagem de R$ 19 mil?”. Em restaurante, as pessoas ficam incomodadas com minha presença”, disse ele ao jornal “Extra”.
Referência no Carnaval, Neguinho ainda destacou que o negro, para chegar à igualdade, tem que ser duas vezes mais.
“A gente ainda tem que lutar muito contra o racismo. O Brasil é um país feito de preconceito. Muito se fala no holocausto (quando nazistas mataram milhões de judeus na Segunda Guerra), mas a história do negro no Brasil é comparável ou pior. As pessoas costumam dizer que o 13 de maio foi uma data memorável, mas se esquecem de que a pior data foi o 14 de maio, porque nós fomos deixados sem casa, sem comida e sem trabalho. Hoje nós temos aí desembargadores, advogados…Acho que nós já conquistamos alguma coisa, mas vai demorar muito para chegar num patamar de igualdade do sinhozinho”, afirmou.
Fonte: srzd.com





