Entrevistas

Entrevista com o professor e historiador Áureo Ramos

Professor Áureo Ramos na Biblioteca do CocotáNascido no Rio Grande do Sul, na cidade de Santa Maria em 23 de março de 1963, Áureo Ramos atualmente mora na Praia da Bica e na Biblioteca do Cocotá. Isso mesmo, O próprio costuma dizer que passa mais tempo entre a arte e os livros do que em sua própria residência.

Como o estudo sempre foi algo presente em sua vida, Áureo Ramos tem um currículo extenso: é pós-graduado em Ciências Militares pela Escola de Aperfeiçoamento de Oficiais do Exécito (ESAO), em Engenharia Militar pelo Instituto Militar de Engenharia e Engenharia Civil pela Universidade Estadual do Rio de Janeiro. Áureo também tem graduação em História pela Universidade Federal Fluminense e mestrado em Arqueologia pela Universidade Federal do Rio de Janeiro. Na área artística, formou-se em teatro pela Escola Estadual de Teatro Martins Pena, graduado em direção teatral pela UNI-RIO, pós graduado em Artes Cênicas pela Actors Studio de Nova Iorque, na época sob a direção do cineasta Elia Kazan; e mestrado em direção teatral também pela UNI-RIO.

Confira nossa entrevista com o ex-militar, professor, historiador, ator, cigano… Áureo Ramos.

Como surgiu a arte na sua vida?
Sou de uma família cigana e a arte está no nosso sangue. Todo cigano já nasce cantando, dançando e tocando, seja lá qual for o instrumento. Apesar de ser um excelente militar, sempre tive paralelamente uma atividade artística. Fiz dança de salão com Maria Antonieta, balet clássico e moderno com a professora Valéria Moreira, dança flamenca com Antonio Gades. A dança cigana aprendi com minha avó, a velha cigana kalim que me ensinou os costumes e tradições do povo cigano.

Como é conciliar a vida de professor com o teatro e a poesia?
Particularmente não tenho dificuldade nenhuma. Procuro conciliar bem os horários. É lógico que nem sempre consigo fazer tudo que gostaria de fazer, mas grande parte de minhas atividades artísticas fluem bem. Gosto quando dizem que sou DOUBLE de professor e artista. è um prazer muito grande ter uma vida dupla nesse sentido. Ter uma profissão tradicional e paralelamente ser um artista. Aliás, como cigano pertenço ao clã Kalon, ciganos de origem ibérica, mas o meu subgrupo étnico denomina-se LATATCHO, ou seja, o cigano artista. Acho que tem tudo a ver. Está no sangue…

Quais prêmiações estão guardadas na lembrança?
Não sou um grande colecionador de prêmios. Até tenho algumas poucas premiações que me trouxeram grandes alegrias. A mais significativa para mim foi a indicação ao prêmio Mambembe de Teatro como melhor ator. Fiquei em segundo lugar, mas valeu, afinal perdi para o Ediwn Luisi. É preciso ser muito bom para perder para o Ediwn…

Dentre muitos projetos e obras realizados, quais gostaria de destacar?
Sempre gostei de trabalhar com crianças, adolecentes, jovens, portadores de necessidades especiais e idosos, pricipalmente quando vem de comunidades carentes ou em situação de risco. É um trabalho delicado, mas prazeiroso. Destes inúmeros projetos, acho que o que mais me marcou foi sem dúvida a Quadrilha da Terceira Idade “A Turma du nóis faiz uki nóis gosta”. Durou cerca de 7 anos e só terminou porque já me era muito cansativo. Já não sou mais o mesmo “garotão”…

E o que pode estar por vir em termos de projetos?
Pretendo continuar com a Oficina de Iniciação de Manequim e Modelo, em parceria com o professoe Adrianno Soares que realiza um excelente trabalho com as meninas. Continuarei também com os concursos de poesias e os encontros ciganos. Só não posso exagerar, porque apesar de ser muito jovem, estou jovem há MUIIITO tempo (HÁ! HÁ! HÁ!).

O que fez um morador de Ramos vir morar na Ilha do Governador?
Na verdade morei em vários lugares. Em Ramos morava minha mãe e quando vim da Barra fui direto morar com ela. Morar com a mamãe é muito bom, mas quando seus irmãos moram na mesma casa aí você passa a habitar seu inferno particular. Para evitar maiores problemas resolvi procurar um canto para mim e achei justamente aqui, a Ilha do Governador. Cheguei aqui em 4 de outubro de 1994 e acho que não saio mais daqui.

O que o Professor Áureo Ramos tem a dizer para os jovens insulanos?
É preciso ter objetivo na vida. Não basta só ir à escola. É necessário saber o que se quer do futuro e trabalhar duro para conseguir, afinal a concorrência é desleal e quem for o melhor é que vai ficar com o maior pedaço do bolo.

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