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Pesquisadora da UFRJ desenvolve medicamento promissor para reversão de lesão medular

Não posso mais ser conservadora diante disso”, declarou a pesquisadora.

Após 25 anos de pesquisa silenciosa e persistente, a professora doutora Tatiana Coelho de Sampaio, da Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ), revelou ao mundo um medicamento inovador com potencial para reverter lesões medulares — condição que, até hoje, representa um dos maiores desafios da medicina regenerativa.

O medicamento, batizado de polilaminina, foi desenvolvido a partir da proteína laminina, naturalmente presente na placenta humana. Essa substância é conhecida por sua capacidade de modular o comportamento celular e promover a regeneração do sistema nervoso durante o desenvolvimento embrionário.

Durante a fase experimental, pacientes que sofreram lesões graves na medula espinhal — causadas por acidentes de trânsito, quedas ou ferimentos por arma de fogo — apresentaram recuperação parcial ou total dos movimentos após aplicação da polilaminina. Um dos casos mais emblemáticos é o do bancário Bruno Drummond de Freitas, que recebeu o medicamento 24 horas após um acidente e, em poucos meses, voltou a andar normalmente.

Além dos testes em humanos, a substância também foi aplicada em animais com lesões antigas. Em cães, por exemplo, quatro dos seis tratados recuperaram a capacidade de locomoção.

O tratamento consiste em uma única aplicação do medicamento diretamente na medula espinhal, seguida de sessões de fisioterapia. Os resultados mais expressivos ocorrem quando a aplicação é feita nas primeiras 24 horas após o trauma, mas há evidências de eficácia também em casos crônicos.

A pesquisa, financiada pela Fundação de Amparo à Pesquisa do Estado do Rio de Janeiro (Faperj), agora aguarda autorização da Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa) para iniciar os estudos clínicos regulatórios em larga escala. A farmacêutica Cristália, parceira no desenvolvimento do medicamento, já investiu mais de R$ 28 milhões no projeto.

Tatiana Sampaio, pós-doutora pela Universidade de Illinois, afirma que a polilaminina representa uma alternativa mais segura e acessível às terapias com células-tronco, cujos resultados ainda são imprevisíveis. “Estamos diante de uma possibilidade real de devolver autonomia a milhares de pessoas. Não posso mais ser conservadora diante disso”, declarou a pesquisadora.

Se aprovado, o medicamento poderá marcar uma revolução no tratamento de lesões medulares, oferecendo esperança concreta a pacientes que, até então, enfrentavam um prognóstico de paralisia permanente.

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